terça-feira, 17 de abril de 2012

Só Fotografando ...



O que fazer, se meus escritos não saem, muito embora gritem dentro de mim, acumulando-se em registros mil, prensados em amontoados do que chamam vida?
Que maldição, o tempo passando e as palavras tantas que não escrevo, não digo.
Busco-as nas imagens, aqui e ali, fotografando a angústia, tentando dela uma beleza, talvez um novo código de linguagem, e que possa tecer o fio condutor de uma expressão qualquer. 
Elas se multiplicam em mil, da natureza ao infinito de tudo o que já vivi.
Companheira de meu cotidiano, minha máquina fotográfica apreende tais momentos, sem mesmo saber que instantes mais tarde, o que parecia o auge de uma possibilidade, vai se perdendo e se juntando ao que já não é mais.
Revejo-as, e minhas fotos se colocam como um percurso de minha própria história, misturadas e desordenadas desde a minha infância, trazendo flores e paisagens de meus sonhos, abstrações de meus desejos, detalhes de minhas origens. 
Vou classificando-as, dando títulos, nomeando talvez os capítulos de um romance, o de minha vida.
Chego até a pensar que é isso, o processo a que chamam de fotografar, ou mesmo uma outra arte qualquer. 
Reviver em imagens, escritos e pinturas, as cenas que são particulares a cada um, ou ainda, a busca de cada uma delas. 
Será? 
E por isso, a angústia, já que todas elas estão para sempre perdidas num outro tempo.
Clicandoopassado...passou! 
 Captura de um instante que é da ordem da não captura, voa livre, ontem, hoje, amanhã, não é só meu. 
Alguém vai dizer da beleza, alguém não vai dizer nada, alguém vai ser tocado em algum sonho que também é seu.
Se é assim, fica mais fácil entender, existe uma comunhão, e claro, a troca de uma expressão quase verbal.
Então, é por isso que não escrevo, ando falando por outras vias.
E como foi bom a minha associação livre, aliás, é o que convido meus pacientes a fazer diariamente.
Ufa, que alívio!!!

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