Romance histórico, em que o ganhador do Prêmio Nobel de literatura, Mario Vargas Llosa, descreve a saga de Roger Casement, irlandês, a serviço do Império Britânico nos domínios "colonizados" da África e na Amazônia (extração da borracha) no começo do século XX.
Idealista e sonhador, Casement passa a vivenciar de perto, as atrocidades, abusos e maus-tratos aos nativos dessas regiões, para depois denunciar tudo ao mundo através de seus relatórios e livros.
Foi cônsul da Inglaterra no Congo e no Brasil, e a ele é oferecido o título máximo de cavalheiro, pelos serviços prestados à coroa.
De ardoroso ativista e personagem reconhecido e aclamado pela sociedade, Casement passa ao ódio e repúdio à dominação da Irlanda pela Inglaterra, iniciando então, uma luta incansável junto aos compatriotas irlandeses em busca da liberdade.
Numa ação que chega até a uma tentativa de aliança frustrada da Irlanda com a Alemanha contra a Inglaterra, durante a primeira guerra mundial, ele é finalmente preso como traidor pelo governo inglês, e condenado à morte.
O que mais pesa em sua condenação:
a descoberta de um livro/diário seu, em que ele se revela homossexual.
Passa um longo período encarcerado num presídio de segurança máxima inglês, abandonado pelos amigos e personagens que no passado o glorificaram.
Os relatos de crueldade aos africanos e aos índios amazonenses, assim como os interesses excusos de uma Europa colonizadora, são o ponto forte da narrativa, notadamente, a fúria desenfreada do rei Leopold II da Bélgica, que amealhou uma fortuna incalculável com o comércio da borracha no Congo, sacrificando e executando barbaramente os negros nativos.
O livro é excelente (sou fã de Vargas LLosa), mas a meu ver, peca em um pequeno detalhe:
a forma quase que velada de que trata a homossexualidade de Casement, sendo que ao fim do livro, em uma pequena nota, o autor afirma não acreditar que o irlandês tenha realizado tudo o que escreveu em seu diário, constituindo-se a maioria de seus relatos em sonhos e fantasias sexuais.
Preconceito moral?
De toda forma, vale ser lido, quase uma leitura obrigatória.
Não podemos viver alienados da história, é preciso que conheçamos, e bem, o lado bestial do ser humano.
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