Dessa vez, acho que é definitivo.
Acabo de eleger Zola como o "meu" grande mestre da literatura universal. Tudo isso, por causa de GERMINAL.
Depois de ler a obra, resta o silêncio. Mas um silêncio carregado, uma vontade imensa de dizer ao mundo que é uma leitura fundamental.
Essencial afundar na dureza das páginas inclementes para quem pensa que vai ler algo agradável e suave.
O livro foi publicado em 1885, e é o primeiro que descreve a vida nas minas de carvão da França.
Os mineiros que ali trabalham e vivem são os personagens principais dessa história de miséria e desgraça.
A opressão social, a indiferença e o cinismo da classe burguesa diante do sofrimento e a desilusão são o tema de fundo do romance, o que o torna atual, podendo ser discutido em qualquer contexto de nossos dias.
Para escrevê-lo, o autor viveu em algumas minas junto aos mineiros, sem se furtar aos hábitos cotidianos do trabalho de homens, mulheres e crianças que dali retiravam o sustento.
A narrativa no estilo naturalista, que aliás tem em Zola o seu fundador, é cruel e sem volteios, para dizer de gente que tem no sexual um alívio para o sofrimento e o bestial da falta de esperança. Aliviam suas dores nas mulheres que ali estão para seus homens, e que apesar de força de trabalho, são passivas e resignadas a tal incumbência.
As crianças, desde muito cedo, entregues à uma liberdade de desmandos, roubos e também sexual, já que todo e qualquer conceito moral ou religioso ali não existe. Vivem na fome, na promiscuidade e nos bofetões, num destino já dado, a saber, o trabalho nas minas e a pobreza. Desde cedo aprendem a "usar" suas companheiras de gozações e cinismo que nada conhecem da infância.
Interessante, ficou-me a comparação com John Steinbeck em As Vinhas da Ira, outro mestre genial. Romance que veio cronologicamente após Germinal, mas que segue a mesma linha.
Enfim, recomendo a leitura, sem a qual a literatura é nada.
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