O escritor nasceu em Dublin em 1854, viveu em Londres e morreu no exílio em Paris, em 1900. Casou-se, mas enfrentou um processo sob a acusação de homossexualismo, em que foi condenado em 1894 a dois anos de prisão e trabalhos forçados. Sua obra (fantástica) é marcada por uma fina ironia à sociedade em geral, sobretudo, à hipocrisia das altas rodas e círculos sociais, que se refestelava em festas e esnobismos, enquanto o resto da população morria de fome e miséria. No conto, "O Fantasma de Canterville", ele "ataca" de uma só vez a tradição britânica e a americana, em toda a sua "praticidade e peculiaridade". Trata-se de uma obra divertida e até hilária. Não pude conter boas gargalhadas, e aconselho-o a todos. Ótimos momentos de leitura. Está longe da densidade de "O retrato de Dorian Gray" e seus outros livros mais conhecidos, mas ainda assim, vale a pena. Um breve resumo: Na Primavera de 1890, o diplomata americano H. B. Otis chega à Inglaterra e decide comprar o Castelo de Canterville, nos arredores de Ascott. O próprio Lord Canterville, proprietário do imóvel, pertencente à sua família há várias gerações, sente-se na obrigação de advertir ao comprador que o lugar é assombrado. Ali habita um fantasma que perturba os moradores de sua família há séculos. Otis, o americano, e os de sua família, não acreditam em fantasmas. O casal, que tem dois filhos pequenos gêmeos, um rapaz e uma mocinha, delicada e meiga, aceita ainda a incumbência de conservar a governanta, antiga na mansão, amedrontada e crédula, como convém às governantas britânicas. As peripécias começam logo nas primeiras noites, quando o fantasma "residente" inicia sua função de assustar os novos moradores. De início, Otis, o chefe da família, se levanta amolado com o barulho, e sugere ao fantasma um produto (americano com certeza), que é muito eficaz para untar suas correntes que fazem muito barulho pela casa. Os gêmeos resolvem revidar e também amedrontar o fantasma, pregando-lhe peças, tais como baldes d´água em sua cabeça quando ele resolve ir ao quarto deles. Enfim, a vida do fantasma torna-se um inferno de desassossego e desmoralização, até que esgotado, cai em depressão profunda. Sua redenção vem com a ajuda da filha mocinha, que após repreendê-lo (o fantasma) por roubar-lhe suas tintas vermelhas de pintura para simular manchas de sangue na biblioteca, ajuda-o (acha mais prático) a morrer, após 300 anos de vida assombrando sem parar. Há tiradas antológicas, imperdíveis. Pura ironia, fina e direta às histerias da nobreza ingleza e às soluções práticas dos americanos. Não deixem de ler. Ah, meu livro, eu o comprei na FNAC, pela internet, em edições de bolso da L&PM, por 12,00 (fora o frete). Vem junto na mesma obra, outros contos de Wilde, igualmente bons. |
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