Elizabeth Roudinesco é historiadora, psicanalista, e ainda, colaboradora do jornal LE MONDE.
Com várias obras publicadas, escreveu também o roteiro do documentário "SIGMUND FREUD, A INVENÇÃO DA PSICANÁLISE".
Tais qualificações não tornam a leitura do livro complicada ou inacessível ao leigo em psicanálise, pelo contrário, fácil e muito interessante.
A própria autora afirmou em uma entrevista, que nesta obra ela tenta evitar "jargões desenecessários".
Desde o início, instiga ao debate, faz-nos pensar na denominação de peverso, cuja conotação atual remonta da Idade Média.
A autora descreve a vida e os atos de alguns perversos do ocidente, como Sade, Rudolf Höss (nazista), místicos medievais (com a autoflagelação), Barba Azul, e por fim, ela vai aos pedófilos e terroristas islâmicos dos tempos atuais.
Sua análise é acurada, percorre as mais diversas abordagens em que se pensou a perversão através dos tempos, e mostra-nos que cada época tratou-a e definiu-a de uma maneira diferente, relembrando que santos e assassinos estiveram juntos assim qualificados.
O homossexual e a histérica, antes punidos pela sociedade como perversos, hoje são aceitos como um erro de julgamento anterior.
Ela aponta para novas direções ao se pensar a perversão, numa tentativa de ultrapassar uma mera questão do bem e do mal no homem.
"Combatida pela Igreja, depois nos consultórios psicanalíticos e hoje pela neurociência, a perversão é contudo um espelho para toda a humanidade, pois exibe o que não cessamos de dissimular:
nossa própria negatividade, a parte obscura de nós mesmos".
Um ótimo livro, uma grande leitura.
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