segunda-feira, 16 de abril de 2012

LIVRO: O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde


Um outro clássico.
Taí, sempre pensei que o autor fosse inglês, mas nasceu na Irlanda.
Oscar Wilde mostrou-se brilhante desde jovem, chegando mesmo a ganhar um premio com um poema. Logo, tornou-se muito conhecido, apesar da hostilidade social devido às suas extravagâncias e comportamentos bizarros.
A obra, "O Retrato de Dorian Gray", foi um grande sucesso desde o lançamento, inclusive no teatro.
Homossexual, Wilde esteve preso, devido às suas ligações com um jovem da sociedade londrina, e lá ele escreve uma de suas grandes obras, "De Profundis e outros escritos do cárcere".
Sobre o livro:
Devido justamente à sua homossexualidade e o escândalo seguido de sua prisão, houve uma tendência da crítica à época, em deixar de lado a obra literária e fixar-se no social. É neste momento em que Wilde diz a frase que se tornou célebre: "
"Não existem livros morais ou imorais. Os livros são mal ou bem escritos. É tudo”
Basil Hallward é um pintor conhecido, que se empenha em fazer o retrato do belíssimo Dorian Gray. Obstinado em sua pintura, Basil torna-se fascinado pela beleza e juventude do rapaz.
As sessões desenvolvem-se em tal clima, e sob o aspecto de uma amizade muito estreita entre os dois, fica subtendida uma grande paixão do pintor pelo rapaz. Sua juventude é posta em destaque, como algo sublime, a ser imortalizada em sua pintura.
É através de Basil, que Dorian Gray fica conhecendo um seu amigo, Lord Henry Wotton, aristocrata cínico e muito irônico. Seus conceitos de moral, amor, casamento, mulheres e do comportamento das pessoas em geral, passam a encantar o jovem.
Dividido entre o que lhe é oferecido pelo pintor, e uma visão totalmente amoral do mundo nos dizeres de Lord Henry, Dorian decide-se a um pacto diabólico: a saber, promete sua alma em troca da juventude eterna, conquanto que ele pudesse levar a vida nos moldes cínicos e mesmo perversos propostas pelo aristocrata. 
O quadro pintado por Basil, torna-se uma espécie de um duplo de Dorian, e é olhando através dele que se vê envelhecer. Ele permanece sempre jovem e belo, e o reflexo de seus atos imorais aparecem apenas na pintura, guardada num lugar escondido, onde ele ía de vez em quando olhar horrorizado as rugas e as marcas de sua velhice, consequentes de sua própria vida amoral.
Trata-se de uma crítica feroz e mordaz aos costumes da época. Londres, puritana e aristocrata, os salões fervilhando de hipocrisia e futilidade, fechando os olhos à prostituição, à miséria, e à depravação.
Também, na minha opinião, uma batalha travada entre dois extremos: uma saída para a existência através das artes, cultuando-se o belo e o puro, (Basil Hallward), ou o descambamento para o bestial, livre, cínico e amoral (Lord Henry Wotton).
Um grande livro, marcado por diálogos cortantes e inusitados, pela agudeza de espírito, e sobretudo muito crítico.

PS: Abstive-me de uma análise do ponto de vista psicanalítico, que não anularia em nada a atual.


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