Queria ter lhe encontrado antigamente.
Minhas mãos de criança lhe dariam os trevos pequeninos
colhidos em jardins de sonhos.
Brincaríamos de esconde-esconde às gritarias e gargalhadas.
Correríamos pelas ruas em meio à molecada atrevida.
Iríamos juntos às matinês de domingo com roupas novas e bem penteados.
Depois, você veria minha adolescente chegar, desajeitada, magrela, só pernas e braços.
Eu lhe faria meus primeiros passos de ballet, de piruetas mágicas,
a lhe convidar aos meus voos sem fim.
Teríamos beijos roubados e consentidos, carinhos escondidos e proibidos.
Falaríamos de planos e juraríamos uma vida eterna.
Até um grande momento de nossa experiência sexual.
A primeira.
Meu corpo se abrindo ao seu.
Liberdades crescentes, entrega total.
Sem percebermos, estaríamos lado a lado, num tempo infinito.
Esse tempo que sinto hoje a me invadir.
No corpo da mulher.
Às vezes cansado, às vezes triste.
Só sei construir toda esta vida com você.
Sou a menina que muito lhe desejou.
A mulher que lhe faz presente num passado.
Vou juntando minhas lembranças e projetando-as no futuro.
A seu lado.
Onde sempre estive.
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