domingo, 15 de abril de 2012

LIVRO: A Montanha Mágica - Thomas Mann



Uma vitória.
Após quase mil páginas de leitura, eu consegui chegar ao fim de uma caminhada árdua.
Um romance todo ambientado dentro de um sanatório para tuberculosos, em Davos, na Suíça.
Literalmente, uma narrativa hermética, em que o autor abstrai a noção de tempo, o que a princípio torna a leitura mais difícil e complicada para os que esperam um simples romance.
A paisagem mais constante é branca, uma neve que cobre os arredores, sem que jamais se desfaça totalmente. O branco recobre tudo, ou seja, a ausência da cor. Serve de cenário ao espírito de todos os seres humanos, que nunca se desvela verdadeiramente. A morte pode aparecer a cada um, e é anunciada no discurso enigmático do médico diretor, invocado como Radamanto (juiz da morte).
Ali chegam pacientes de todas as nacionalidades do mundo, e todos têm a sua análise psicológica profunda.
É através da história do personagem principal, um jovem alemão, oriundo da tradição burguesa de seu país, Hans Cartorp, que o autor, Thomas Mann, magistralmente dispõe suas idéias sobre a vida, a morte, o amor, a amizade, a religião, o preconceito, a guerra, a diferença social, a história, o ódio, enfim, nada lhe escapa.
O mais interessante, ele não discorre sobre cada uma destas idéias, mas opõe e questiona-as através de discussões entre dois personagens, um italiano (que faz a defesa de um humanismo impossível, um sonho) e um outro, incoerentemente, judeu, que se converte em jesuíta.
Todos os dois, interessados na educação pedagógica de Hans.


Enfim, como não se trata absolutamente de um romance com uma história linear, resta inútil trazer uma sinopse e impossível descrever as características de cada personagem.

Somente nas últimas páginas é que a temporalidade aparece, situando o personagem principal num tempo hediondo, vergonhoso para a história da humanidade.
É preciso ler.
É preciso sofrer muito, ter vontade de desistir da leitura, sentir o peso que é escalar tal montanha. Não há prêmio algum ao se chegar ao topo, a não ser, a certeza de que ficamos conhecendo um pouco mais todas as nossas fraquezas e misérias.
Isto é bom?
Não sei, apenas muito real.
Não acho justo recomendá-lo sem antes dizer que é duro, muito árduo.

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