domingo, 13 de maio de 2012

LIVRO: A Viagem Vertical - Enrique Vila-Matas



Que super viagem, o livro!

Nada conhecia do escritor e jornalista catalão.

Mayol, o personagem principal, é bem o espírito “esquentado” do espanhol de Barcelona, deliciando-nos com passagens humorísticas de suas reações imprevisíveis diante de atitudes que não lhe agradam.

Mas, ainda muito mais forte do que o humor, seu pensar  filosófico sobre a sua vida, frustrada em seus sonhos de entrar numa universidade, fazer-se culto.

É quando Franco sobe ao poder na Espanha.

Neste momento, Mayol era jovem, teve que parar seus estudos, trabalhar e ganhar a vida. Acaba enriquecendo, acumulando um grande patrimônio à sua família, agora casado e pai de três filhos.

A história começa quando sua mulher o expulsa de casa, dizendo-lhe que precisava ficar livre, conhecer-se.
Assustado, recorre à ajuda de seus filhos, e se dá conta de que nada vai bem.
Sua implicância maior é com o filho caçula, um pintor diletante, que joga em sua cara a sua falta de cultura a cada vez que se encontram.

Esta é uma grande ferida, o que se presentifica em seu ódio a Franco.

A sua viagem vertical inicia-se na cidade do Porto, passa por Lisboa e termina em Funchal, na Ilha da Madeira. (dá uma vontade enorme de conhecê-la)

É  lá, que Mayol toma conhecimento de que sua busca cultural e tudo o que o humilha e o entristece está dentro de si mesmo, aceitando o fim de sua descida, sem renunciar aos seus sonhos.

O livro me foi recomendado como sendo uma grande experiência literária.
O que eu concordo.

2 comentários:

  1. já li faz tempo, acho que não conseguiria comentar, mas me lembro de que gostei muito desse livro dele.
    beijos, Rita.

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  2. Tenho 62 anos e quando li este fantástico livro, A Viagem Vertical de Enrique Vila-Matas, estava com 60 anos. Posso dizer que este livro foi um divisor de águas em minha vida. Quando terminei a leitura reuni os meus dois filhos e a minha esposa que trabalham comigo em nossa empresa de Consultoria. Iniciei a conversa com a minha esposa, relatando a vida de Mayol que é o protagonista do livro, pois sempre entendi que eu houvera sido um excelente marido e companheiro. Pedi a ela que fosse a mais verdadeira possível, pois não gostaria de chegar aos 77 ou 78 anos acreditando ter sido o marido quase perfeito e ver tudo desmoronar sem a perspectiva de reiniciar uma nova forma de viver. Felizmente a minha mulher disse que eu não parecia em nada com o tal de Mayol, porém não me ficou claro se isto era um elogio ou uma crítica, afinal não consegui amealhar nem um enésimo do que este catalão conquistou (Dinheiro), mas em seguida ela me confortou dizendo que eu havia sido o melhor companheiro que alguma mulher jamais teve, espero que ela continue assim quando eu tiver 78 anos... Agora vem a parte mais espetacular da nossa reunião. O nosso filho mais jovem, na época tinha 31 anos, e ele foi, dentre os meus três filhos, o mais bem sucedido nos estudos sendo sempre destaque nas universidades por onde passou aqui no Brasil e na Espanha (Barcelona, por acaso) e nos disse com todas as letras que queria voltar para o mundo corporativo, apesar de todo sucesso em nossa Consultoria onde ele era o nosso Diretor Administrativo. Disse que sonhava em galgar postos internacionais até chegar a CEO de uma grande corporação, viajar pelo mundo como Dirigente e realizar o seu grande sonho longe da proteção familiar, o que eu não tenho a menor dúvida que ele conseguirá. Continuamos com a nossa Consultoria, eu a minha esposa e o meu filho do meio, que decidiu ser este o seu melhor caminho e o seu grande sonho. Afinal, conclui que todos nós deveríamos fazer uma Viagem Vertical em nossas vidas, envolvendo todos aqueles que estão ao nosso lado e que na maioria das vezes o estão por comodidade, falta de opção ou por amor ao que fazem. Não se trata apenas de uma experiência literária, mas de uma experiência de introspecção nos nossos valores versus os valores dos que nos cercam. Li vários livros deste fabuloso autor, mas este foi o mais inspirador. Recomendo.

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