Nada é preciso dizer do autor, por demais conhecido e reconhecido como um dos gênios da literatura dos fins do século XIX.
Aí estão Guerra e Paz, Ana Karenina e mais uma vasta obra.
O que acabo de ler, A Morte de Ivan Ilitch, é considerada como a novela mais perfeita da literatura mundial.
Mas não nos é possível ficar apenas nos julgamentos dos outros, e aqui, digo com muita certeza, é preciso entrar dentro deste drama profundíssimo, com detalhes psicológicos que não escapam nem aos menos sensíveis.
A novela foi escrita em 1886, mas poderia muito bem ser transportada para a atualidade, com toda a angústia de um balanço que se faz quando da iminência da morte. Numa reflexão de todas as etapas de sua vida, o personagem se desvela num julgamento cruel do que lhe foi possível ser em sua existência.
Trata-se de um acerto de contas consigo, e daí não escapam todas as chances de felicidade que não escolheu, e os rumos tomados, sempre ditados por um social. As aparências.
Nesta fase final, o amor e as amizades são desvelados em toda hipocrisia, em detalhes, quer seja nas ações de sua mulher e filha, quer seja no olhar e nas palavras de cada um de seus amigos. Ivan Ilitch, em sua agonia final, vai encontrar a ternura e a sinceridade nos atos de seu criado, um camponês humilde.
A sua luta com a morte, entremeada de momentos de dor e o alívio do ópio, duram três meses de revoltas e a tomada de consciência do fim que se aproxima, fazendo-o empreender viagens até sua própria infância, num resgate do que foram seus momentos felizes.
Magistral, Tolstói mergulha muito fundo dentro de cada um de seus leitores, e ninguém sai impune de sua análise sobre a inexorável condição humana.
Não adianta fugir de tal angústia, não há outra saída do que aceitar a leitura e se haver com ela.
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